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Helena   Simões  da  Costa

                                    Fotografia

Helena Simões da Costa Fotografia

"A Dádiva" (The Gift), Helena Simões da Costa © Photography 2016 

Conceito  e  Imagem

 

 

Conceito e Imagem’ é um projecto fotográfico, filosófico, poético e pictórico. Apesar deste projecto ser um estudo não deixa de ter a pretensão de dar a ver a relação que existe entre a imagem (na fotografia e na pintura) e o conceito (na filosofia e na poesia) e da interpenetração que existe entre ambos aquando a sua criação. Este projecto inspira-se também na ideia que Gaston Bachelard expressa em "La Psychanalyse du Feu" acerca da missão da Filosofia: “Tudo o que a filosofia pode esperar é tornar a poesia [da palavra e da imagem] e a ciência complementares, uni-las como dois contrários bem feitos…».

 

 

Se uma imagem não ‘fala’ totalmente por si, um conceito sem imagens também não se expressa de forma clara. Fala-se de imagem como representação. Temos o exemplo do cego que na compreensão do conceito cria imagens ou representações que o permitem mergulhar mais fundo na linguagem e criar outras perspectivas: alargar o seu campo de “visão”. Se um fotógrafo ou um pintor quando produzem uma imagem estão a criar novas perspectivas, i.e., a alargar os seus campos de visão, do mesmo modo, também um cego é, digamos assim, um criador de relações entre as coisas. Somos criadores de sentido. Tal como os cegos aqueles que vêem, não vêem as coisas tal como elas são, mas acrescentam camadas (de sentido) às coisas, de uma forma ou de outra. Apesar desta criação de relações entre as coisas (ou situações) ser um esforço intelectual, estas camadas de sentido são sempre guiadas pelos sentidos estético e ético. Alguém que fotografa tendo em conta a criação de um sentido e a sua comunicação, e não apenas a captação de um instante para mais tarde recordar, está a mexer com a linha do tempo, a criar a sua própria linha temporal de um tempo paralelo mas distinto daquele que surge numa mera captação do olhar.

 

 

George Sand dizia que "a vocação do artista é lançar luz sobre a alma humana.", sendo esta uma visão fora da linha temporal habitual que pode lançar uma nova luz, dar um outro sentido, em relação àquilo que é o plano habitual de percepção em que não existe um desnivelamento do real. O trabalho do artista é cinzelar o seu conceito e a sua imagem, que, posteriormente fundidos, são apresentados ao mundo. A mudança de plano (do plano habitual para o plano da criação) acontece quando aquilo que se pensa faz criar uma imagem, e quando essa imagem faz pensar de maneira diferente do habitual. Se por um lado, a imagem (fotográfica, poética e pictórica) depende do conceito para ser criada, por outro lado, esta mesma imagem* permite criar um novo conceito estético e ético. «Diz-me o que “vês” (lês, escutas, …) e eu dir-te-ei quem és.»

 

 

As fotografias presentes neste projecto são, na íntegra, da minha autoria. Os textos e as frases associadas às imagens são meus e também de outros autores.

 

 

Helena   Simões  da  Costa ©

 

Helena Simões da Costa Fotografia 2015

Helena Simões da Costa © Photography 2015

(* Nota ao texto: Imagem esta que é conceptual, mas que não se inscreve na lógica produtiva da Arte Conceptual, corrente artística iniciada na década de 60 do século XX, que retirava poder à imagem (ou produto final) e à singularidade que esta pudesse transmitir. Na Arte conceptual era dada importância ao conceito e/ou à ideia (concepção), mais do que ao objecto enquanto obra realizada ou acabada, considerando assim o conceito superior ao resultado final. Quando falo em imagem conceptual falo da necessidade da criação artística partir de um conceito, ideia, discurso conceptual, não implicando que a imagem enquanto representação possa ser considerada inferior ou menor, já que ela, em fusão com o conceito vai dar origem a uma criação artística, uma imagem conceptual que resultou de uma imagem enquanto representação que foi trabalhada, reflectida a partir de um conceito ou ideia. Na fotografia pode dar-se este salto e este tipo de criação artística não se inscreve necessariamente na corrente artística que é a Arte Conceptual. Por outro lado, se tudo é representação, como dizia René Magritte, também temos que afirmar que não existe representação sem imagem [seja imagem enquanto pura representação, seja imagem enquanto conceptual, trabalhada num estado mais avançado]. Esta imagem conceptual não pode ser desvalorizada em relação ao conceito, até porque fundem-se um no outro, e, por outro lado, e não menos importante, não pode ser desvalorizada a estética da obra já que o conceito ou a ideia precisam de um suporte para se expressarem. Até que nos parece pouco possível separar a estética da ética seja em que obra for, e as ideias e os valores a elas associados têm sempre um rosto, uma estética, uma expressão. A linguagem ou o discurso (conceitos e ideias) têm sempre uma expressão estética e esta está sempre dependente de um discurso conceptual mais ou menos elaborado. Até aquilo que é invisível têm uma expressão estética.)

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Nota: A primeira  imagem  desta  página  é  uma  fusão  entre  fotografias  da minha  autoria  e  foi  publicada  no  meu  artigo  sobre  o  conceito  de  justiça, aqui:

http://www.arlindovsky.net/2016/10/o-conceito-de-justica-por-helena-simoes-da-costa

 

 

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