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Os   Quatro  Elementos

Helena Simões Costa © Fotografia 2015

Photo Credits by Helena Simões da Costa © 2015

Os Quatro Elementos

 

 

Já antes da era de Cristo os quatro elementos eram referidos e estudados tanto do ponto de vista filosófico como artístico. Os filósofos da natureza ou naturalistas, também conhecidos por pré-socráticos foram os primeiros pensadores no Ocidente a pensar a ‘physis’, a ‘natureza’ enquanto “realidade primeira, originária e fundamental”. A metafísica dos pré-socráticos tinha como fito a reflexão acerca do problema cosmológico (cosmo-ontológico) com o intuito de investigarem e encontrarem o princípio (arché) das coisas. Segundo eles, o Universo foi criado com base nos quatro elementos básicos: Fogo, Ar, Água e Terra. É assim atribuída aos filósofos pré-socráticos a teoria da origem dos quatro elementos, sendo que alguns deles deram supremacia a um dos elementos como sendo responsável pela origem de tudo quanto existe.

 

Foi o caso do pensador pré-socrático, Tales de Mileto que defendia que a Água “é o princípio de todas as coisas”, ou seja, a ‘arché’ de todas as coisas seria a água, afirmando também que “todas as coisas estão cheias de deuses.” (essência ou espírito divino). Posteriormente, Heraclito, o obscuro, defendeu que o Fogo é o princípio criador do Universo. Para o filósofo Anaxímenes de Mileto, a origem de todas as coisas estaria no Ar ou vapor. Apesar do filósofo conhecer a teoria da água de Tales de Mileto, ele questionava a origem da água e acreditava que esta era ar condensado, por outro lado, acreditava também que o fogo era ar rarefeito. Para Anaxímenes, o ar (ou ‘pneuma’) é a origem da água, do fogo e da terra. Por outro lado, Empédocles (criador da teoria cosmogónica dos quatro elementos clássicos) defendia que tudo quanto é gerado na natureza tem origem nos quatro elementos e no trabalho conjunto em que participam nessa geração em proporções diferentes ou variadas, já que cada elemento influencia de modo específico cada coisa que é gerada. A variação das combinações entre os quatro elementos é o que daria origem também aos diferentes tipos de seres na natureza: vegetal, animal e mineral. Para Empédocles, quando uma flor morre, significa que os quatro elementos deixam de actuar em uníssono, separando-se. Ou seja, é a união e o trabalho conjunto dos quatro elementos que dá vida, e com a sua separação principia a morte. A ideia base do pensamento de Empédocles, que justificava esta movimentação dos quatro elementos na geração e na morte das coisas, era a de que existiam duas forças diferentes que actuavam na Natureza: uma é o amor, a outra a discórdia: o amor une as coisas e a discórdia separa-as. É interessante ver que, posteriormente, Platão afirmou que o Amor é o motor do Universo; o amor surge como aquela força motora que dá vida, a “cola” do mundo, que, para Empédocles, seria a “cola” entre os quatro elementos.

 

Na mitologia neopagã, o elemento Terra é originado pelos outros três elementos: Fogo, Água e Ar, já que a terra para se formar ou solidificar-se precisa da força do fogo, da água e do ar. Este último surge como o terceiro elemento a seguir ao fogo e à água. Na crença pagã, o fogo e a água são os elementos básicos pelos quais as coisas começam a ser geradas. Como elementos opostos, o fogo e a água, constituem a força motora que movimenta tudo quanto nasce e morre. Mas sem o elemento ar, o fogo e a água não se comunicavam, por isso aquele elemento surge como elo de ligação ou intermediário entre os dois, já que neutraliza os efeitos passivo e activo, ao mesmo tempo que, do fogo herda o calor e da água herda a humidade, sendo que os três dão origem à terra. Porém, segundo o paganismo, os quatro elementos emanam de um princípio original (invisível) ou espaço cósmico, o éter do Antigos, ou a ‘quinta-essência’ para os gregos seguidores da tradição pitagórica e aristotélica, o tal elemento perfeito que habitava o plano cósmico e responsável pela formação do Universo. Na crença pagã, este princípio criador e original tinha o nome de Akasha (espírito) ou princípio etérico, que corresponde ao espírito divino ou força dos Deuses. Nas ciências herméticas é representado na quinta ponta no topo do pentagrama e segundo a teosofia está relacionado com a força Kundalini.

 

Os Elementais são seres ou espíritos (imaginários, ou não) que estão associados aos quatro elementos e são os “vigilantes” ou guardiões de cada elemento que representam. O nome esotérico ’Elemental’ é dado aos espíritos da Natureza que também podem ser conhecidos por seres mitológicos. Segundo a crença pagã cada um dos quatro elementos é representado por espíritos da Natureza que se organizam por famílias de elementais: elementais do Ar, do Fogo, da Água e da Terra. Elementais do Ar: fadas, silfos, sílfides, elfos, harpias e todos os espíritos do vento e do ar que respiramos; noutras crenças também os Anjos são seres do ar e representantes deste elemento surgindo como elo de ligação entre os elementos ar e terra; tal como as Fadas que na crença pagã são um elo de comunicação entre o mundo etéreo e o mundo terreno. Elementais do Fogo: a Salamandra, a Fénix, o Dragão e a Quimera; mas os espíritos do fogo podem assumir outras formas, como uma chama ou fogueira e são eles que controlam todas as manifestações do fogo. Elementais da Água: Ondinas (espíritos que vivem nos lagos, rios e mares), Sereias, Náiades (ninfas marinhas das fontes, nascentes e pequenas cascatas), a Hidra e o Hipocampo são os elementais que têm como missão proteger e controlar as águas doces e salgadas. Elementais da Terra: o Golem, Gnomos, Duendes, Elfos, Dríades (ninfas associadas aos carvalhos), Hamadríades (ninfas ou espíritos das árvores), Faunos e todos os espíritos ligados à terra e à vegetação que têm como missão proteger os reinos: vegetal, animal e mineral.

 

Helena   Simões   da   Costa  ©

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